segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Terra e Natureza

Na nossa celebração do Solstício, estávamos no carro Laise, Simone, Ulisses e eu. Conversávamos sobre o papel dos Fomoire e dos Tuatha e de todas as outras raças descritas nos mitos irlandeses. Chegamos a uma conclusão que mais tarde descobrimos o Wallace comentando no post sobre Terra e Natureza do blog dele.


Muitos imaginam os Fomoire como os grandes vilões dos mitos, só faltando os bigodes compridos sendo enrolados enquanto a mocinha se debate nos trilhos, enquantos os Tuatha são os mocinhos, o cavalheiro forte que salva a mocinha e o mundo no final. Mas esta visão não seria uma visão celta, pois ela é contrária à própria natureza: nada é puramente bom ou puramente mal. Logo, haveria algo a mais nesse simbolismo entre essas duas raças tão lembradas da Irlanda.


Os Fomoire são a Natureza no seu estado mais puro, mais bruto, sendo de maneira, por que não, incontrolável. Os Tuatha são a Natureza humana, seus anseios, suas habilidades. Um está contra o outro? De maneira nenhuma! Ambos se completam, ambos vivem a partir da coexistência. Por isso Bríd se casa com Bres, por isso Lugh é filho de Fomoire e Tuatha, por isso Bres oferece os segredos sobre o tempo das colheitas a Lugh, porque eles são conhecedores da Natureza.


A Natureza sempre foi um elemento mais forte que a Humanidade, ela se reergue mesmo depois de anos de maus tratos, arrebentando o concreto e desfazendo todas as nossas maiores construções. E não só por isso deve ser reverenciada, assim como muitos povos antigos reverenciavam os locais sagrados que já se encontravam nas regiões "conquistadas" por eles, devemos reverenciar a Natureza porque ela estava lá antes de nós, é o substrato para qualquer conquista do Homem.


Temendo que o meu 3º dia fique muito parecido ao do Wallace, me restrinjo a dizer que essas 2 raças mostram que o Homem não deve se sobrepor à Natureza, ele deve aprender com ela, deve viver coexistindo com ela, coisa que esquecemos hoje em dia. Devemos lembrar-nos sempre disso, pois ao esquecermos da Natureza, esquecemos de nós mesmos, pois nada mais somos do que fruto desta Terra.


E para que fique claro, respeitar a Natureza não significa deixar de comer carne, como muitos podem pensar (já ouvi isso). O que se espera é que respeitemos seu ciclo, reverenciemos aqueles que morrem para nos dar o que comer (seja ele animal ou vegetal), aceitemos que, como uma grande mãe, a Natureza pune se nossas ações não estão de acordo com o "bom caminho". Não foi à toa que com a chegada dos Milesios, os Tuatha foram enviados para dentro de seus Brú, enquanto os Fomoire... bem, os Fomoire continuaram.

Um comentário:

  1. É isso aí! Tem muita gente dizendo que não come carne por causa dos bichinhos,... mas nada a ver, os bichinhos são parte do ciclo! Temos que comer a carne dos bichinhos honrando e agradecendo os bichinhos, e recebendo-os como parte nossa! O que não pode, concordo plenamente, é crueldade ou violencia desnecessária contra qualquer ser vivo da criação, não só bichinhos!

    Excelente texto!!!

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